Nos tempos que correm, a opinião pública não se mostra muito favorável aos partidos. Exemplo disso são os inúmeros movimentos cívicos que têm despoletado pelo país (em reacção aos partidos e, curiosamente, com antigos militantes à cabeça) e a recente prestação dos mesmos nas eleições intercalares para a Câmara Municipal de Lisboa. Num fenómeno de arrastamento, também as juventudes partidárias, pagam a factura junto da sociedade civil e, para nosso pasmo, por vezes, dentro das suas próprias estruturas.
As juventudes partidárias congregam em si múltiplas vantagens, algumas das quais me proponho aduzir aqui, a título exemplificativo. Desde logo, congregam no seu seio, jovens cidadãos que, pelas mais diversas formas e feitios, procuram pensar o mundo, o fenómeno político, social, económico e cultural, do mundo e do país, desenvolvendo actividades alicerçadas nas ideias, ideiais e princípios que o Partido, enquanto movimento igualmente cívico, prossegue. Assim, uma forte consciência de cidadania despoleta e faz bulir aqueles que hão-de ser o futuro do país, onde quer que se insiram e mesmo que não prossigam actividades de cariz político.
De igual forma, a susceptibilidade de um contacto mais profundo com as estruturas administrativas (freguesias, concelhos, Comunidades Urbanas, etc...) e políticas do país e, de igual forma, do partido, fazem com que essa realidade, para eles, empírica, num ápice, se canalize para outras estruturas, mesmo que menores mas não se somenos importância. É pois, com naturalidade, que vêmos militantes de juventudes partidárias a criar, gerir e organizar movimentos, associações e fundações, com os mais diversos escopos e, não pouco frequentemente, com uma emulação apenas possível de viver com base nos conhecimentos adquiridos nas “jotas”.
Claro que, hoje, as juventudes partidárias, no geral, padecem de problemas que não são novidade para ninguém. Questões como a dos militantes “fantasma”, a débil organização interna, os limitados suportes logísticos e financeiros, o crescente fenómeno do individualismo e a própria descredibilização da militância partidária, são factores que, hodiernamente, têm de ser pensados e, sobretudo, colocados em prática. Se deixarmos que o nosso espírito feneça, então, como Émile Zola, havemos de mais tarde lamentar que “(...)nós mesmos, nós todos que assistimos a isto, (...) somos culpados desta abominação”
[1] É nossa missão e dever, enquanto militantes da Juventude Socialista, alterar o aparente fenómeno de disbulia (sobretudo nas áreas do interior, mas não só!) que nos parece ameaçar por esse país fora. É esse um dos objectivos desta tertúlia.