Domingo, 2 de Dezembro de 2007

Tertúlia Virtual

Nos tempos que correm, a opinião pública não se mostra muito favorável aos partidos. Exemplo disso são os inúmeros movimentos cívicos que têm despoletado pelo país (em reacção aos partidos e, curiosamente, com antigos militantes à cabeça) e a recente prestação dos mesmos nas eleições intercalares para a Câmara Municipal de Lisboa. Num fenómeno de arrastamento, também as juventudes partidárias, pagam a factura junto da sociedade civil e, para nosso pasmo, por vezes, dentro das suas próprias estruturas.
As juventudes partidárias congregam em si múltiplas vantagens, algumas das quais me proponho aduzir aqui, a título exemplificativo. Desde logo, congregam no seu seio, jovens cidadãos que, pelas mais diversas formas e feitios, procuram pensar o mundo, o fenómeno político, social, económico e cultural, do mundo e do país, desenvolvendo actividades alicerçadas nas ideias, ideiais e princípios que o Partido, enquanto movimento igualmente cívico, prossegue. Assim, uma forte consciência de cidadania despoleta e faz bulir aqueles que hão-de ser o futuro do país, onde quer que se insiram e mesmo que não prossigam actividades de cariz político.
De igual forma, a susceptibilidade de um contacto mais profundo com as estruturas administrativas (freguesias, concelhos, Comunidades Urbanas, etc...) e políticas do país e, de igual forma, do partido, fazem com que essa realidade, para eles, empírica, num ápice, se canalize para outras estruturas, mesmo que menores mas não se somenos importância. É pois, com naturalidade, que vêmos militantes de juventudes partidárias a criar, gerir e organizar movimentos, associações e fundações, com os mais diversos escopos e, não pouco frequentemente, com uma emulação apenas possível de viver com base nos conhecimentos adquiridos nas “jotas”.
Claro que, hoje, as juventudes partidárias, no geral, padecem de problemas que não são novidade para ninguém. Questões como a dos militantes “fantasma”, a débil organização interna, os limitados suportes logísticos e financeiros, o crescente fenómeno do individualismo e a própria descredibilização da militância partidária, são factores que, hodiernamente, têm de ser pensados e, sobretudo, colocados em prática. Se deixarmos que o nosso espírito feneça, então, como Émile Zola, havemos de mais tarde lamentar que “(...)nós mesmos, nós todos que assistimos a isto, (...) somos culpados desta abominação”[1]
É nossa missão e dever, enquanto militantes da Juventude Socialista, alterar o aparente fenómeno de disbulia (sobretudo nas áreas do interior, mas não só!) que nos parece ameaçar por esse país fora. É esse um dos objectivos desta tertúlia.
Fraternamente,
João Correia

[1] Émile Zola, Paris, Ed. Guimarães, pág. 100
publicado por NES-FDL às 01:08
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De Tiago Gonçalves a 2 de Dezembro de 2007
Há certos apontamentos que foram feitos e que estão dentro daquilo que todos na estrutura temos vindo a tomar consciência.

Todavia, e num aparte, como acho que sou o último a colocar um texto sobre esta matéria, espero não chegar à minha vez e ter gasto as "munições" todas com os comentários aos textos dos outros.

Mas vamos lá, "então", a falar um pouco disto:

Há duas perspectivas, pelo menos para mim, para se compreender o fenómeno do descrédito das juventudes partidárias junto dos jovens. Uma delas é a perspectiva nacional e a outra é a local.

Muitas vezes esse descrédito aparece como reflexo do que é feito a nível nacional e que se transporta para o nível concelhio independentemente de um melhor ou razoável trabalho concelhio.

Para mim, pessoalmente há que apostar bastante na comunicação, na renovação das estruturas locais, com novos métodos e novos meios.

A discussão política a nível local por vezes também não ajuda, principalmente quando os partidos colocam as directivas nacionais ou as ideologias acima dos interesse público. Não podemos, por exemplo, querer retardar o desenvolvimento concelhio só porque o nosso partido é contra o capital, como acontece nalguns concelhos comunistas. Isso, também, para mim faz cair em descrédito a política, por arrastamento os partidos e as juventudes partidárias.

Por isso, a JS se quiser sobreviver a essa "onda" que tem varrido o país, precisará de renovar os seus quadros, de construir uma estratégia interconcelhia, num plano abaixo dos das Federações, e promover novas formas de contacto com os jovens. Só assim teremos uma JS com os jovens.

Um abraço
Tiago Gonçalves
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