Segunda-feira, 16 de Abril de 2007

Sentenças




A propósito de toda a polémica que envolve o primeiro-ministro Sócrates e a Universidade Independente, cabe proferir algumas palavras.

Em primeiro lugar, esta situação, que não é nova no ensino superior em Portugal, vem levantar mais questões do que aquelas que a comunicação social e o público em geral têm suscitado.
Assim, é colocada em causa a credibilidade do ensino superior privado em Portugal. E isso preocupa-me muito mais do que tudo o resto. Preocupa-me que, todos os anos, centenas de pessoas possam comprar canudos e apresentá-los em entrevistas de emprego, em que são preferidos a pessoas com o 9º incompleto tão bem ou até mais capazes do que aqueles, mas que não tiveram a possibilidade de comprar uma licenciatura. Ou conhecer as pessoas para isso.

Da minha parte, parece-me que se trata de mais uma forma de se deitar abaixo a imagem e credibilidade de um bom político. E, infelizmente, está a ser conseguido. Trata-se da mesquinhez e desconfiança do povo português, bem como o aproveitamento da oposição para colocar em causa a posição de Sócrates no panorama político nacional.
Pouco importa se houve favorecimento a José Sócrates há vários anos atrás, aquando da sua licenciatura. Como podemos nós saber se será verdade esse favorecimento? Afasto argumentos, quer de um lado, quer de outro. Recuso a apresentação de papéis verdadeiros, de papéis falsos ou de papéis forjados. Não acredito que seja culpado do que quer que seja, tal como não acredito na sua inocência.
Muito menos importa se Sócrates é Engenheiro Civil, licenciado em Engenharia ou tem bacharelato em Engenharia do Ambiente. Pensemos bem para nós próprios: Quantos de nós, há 2 anos atrás, procurámos os curriculum vitae dos candidatos para depois decidirmos? Quantos dos milhões de pessoas que assistiram à Entrevista de Sócrates sabiam, há 2 anos atrás, que Sócrates tinha frequentado a Universidade Independente?

É-me perfeitamente irrelevante se Sócrates foi favorecido, se gostou de ser favorecido ou se aproveitou algum favorecimento. Pouco interessa se foi um contrabandista na vida passada.
Agora, Sócrates é Primeiro-Ministro e, para isso, não é preciso curso. É preciso competência, pro-actividade, capacidade de liderança, e inteligência. É preciso estar livre de toda a polémica e continuar a trabalhar com serenidade.
É preciso um Primeiro-Ministro independente . E Sócrates consegue sê-lo.
publicado por Fábio Raposo às 14:46
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