Muito se tem falado ultimamente da escolha de António Costa para candidato do PS à CML. Eu próprio já tive oportunidade de exteriorizar a minha opinião neste mesmo espaço cibernáutico.
No entanto, gostaria agora de realçar essa situação por um outro prisma. É que o facto de António Costa ter sido o eleito, fez com que Rui Pereira fosse o escolhido para chefiar o Ministério da Administração Interna.
Mais do que falar sobre as hipóteses de António Costa na Câmara da Capital ou sobre o mérito que teve enquanto Ministro, cabe pensar nas mudanças que Rui Pereira trará.
E falo em mudanças propositadamente. Ainda que o Ministério em causa abarque uma área governativa que não considero ser a mais preponderante em qualquer Estado, considero, isso sim, que em Portugal será das mais importantes, pela carência que necessita de uma reestruturação. Já tive oportunidade de o referir neste blog.
Actualmente, o estado das forças de segurança no nosso país é absolutamente lastimável. A população queixa-se da violência e do aumento da criminalidade, os agentes da autoridade reclamam não disporem dos meios necessários para trabalhar, os criminosos espancam polícias. Podia ser um episódio de CSI, mas não é.
Infelizmente, analisando esta questão, existem, de facto, duas realidades: do lado dos agentes é desviado o olhar do raio da criminalidade; do lado do cidadão, olha-se os agentes como alguém a quem é possível pedir informações quando se está perdido.
Em Portugal, ter uma excelente força de segurança significa ter uma polícia eficaz nas "operações STOP".
Mais do que conferências e tertúlias sobre Criminalidade Organizada e Terrorismo, é necessário olhar para a Segurança Interna. A Polícia Judiciária será mais reconhecida internacionalmente pela sua competência do que sondada num âmbito nacional. Talvez não fosse assim se se tivessem concertado tantos esforços para encontrar crianças portuguesas desaparecidas como os que foram unidos em busca da menina inglesa.
As alterações passam por uma mudança de mentalidade. Mudança de mentalidade no poder político, para assegurar às forças de segurança condições efectivas de actuação; mudança de mentalidade nos altos quadros das polícias portuguesas, sendo que a qualidade só pode aumentar se o recrutamento para inserção nas academias tiver filtros mais alargados; e mudança de mentalidade em todos os polícias, para que se mostrem não como máquinas arrogantes de poder que não detêm mas como pessoas amigas em quem qualquer cidadão poderá confiar.