O Deputado do PSD-Madeira, Gabriel Drumond, defendeu ontem a independência da Madeira, se "for recusado o reforço da competência legislativa na próxima revisão constitucional".
Já não é a primeira vez que se ouve falar desta questão. Em algum momento, de repente, surge um qualquer político, sempre com as mesmas cores do presidente do Governo regional, defender a independência daquele arquipélago.
O referido deputado indicou que a culpa é também de Cavaco Silva por não ter vetado a Lei das Finanças Regionais. E lembrem-se que a principal crítica àquela Lei era o facto de estarem previstos cortes orçamentais no respeitante aos valores que seriam dirigidos para a Madeira.
Dinheiro. Protestou-se porque não se recebia dinheiro suficiente. Muito bem.
A ideia é simples e faz todo o sentido: "Não recebemos dinheiro suficiente do Continente, vamos separar-nos dele, para não recebermos dinheiro nenhum e podermos investir na receita da "poncha" e da plantação de bananeiras".
Mas desta vez o motivo é outro. A Madeira exige maior poder legislativo. A insatisfação constante e reinante nestes senhores é inacreditável. A insaciedade com que proferem palavras no sentido de obterem um qualquer proveito que não lhes cabe visto de qualquer prisma possível é extonteante.
Qualquer pessoa entende que argumentos deste nível sejam claramente considerados como separatistas e violadores da união nacional. E não deixa de ser irónico que sejam as mesmas pessoas que ameaçam a forma unitária do Estado Português, as que vêm também indicar que "José Sócrates atenta contra a unidade nacional"
A Madeira, enquanto região autónoma, tem os poderes suficientes para que o arquipélago possa ser Governado convenientemente, sempre com o sentido do Estado único, descentralizado e democrático que caracteriza Portugal. Mais, não só tem os poderes suficientes, como tem os poderes que lhe são possíveis atribuir.
E aqui, realmente, a ameaça da independência, ainda que não afronte ninguém, já se mostra como a única solução para que o Governo regional da Madeira possa legislar sobre o que quiser, possa dispor, comprar, vender, aplicar ou emprestar o que quer que seja e possa expulsar quem bem lhe apetecer.
Mas, convenhamos, depois de almejada a independência, apontar o dedo a um país que não os ajuda porque dele já não fazem parte não terá qualquer efeito político. Já agora não tem.