Fala-se, com muita insistência, nos últimos dias sobre o bloco central. Esta hipótese de união entre Partido Socialista e PSD, para evitar que o governo de Sócrates perca a maioria e conte com uma forte posição da esquerda à esquerda do PS, não me parece muito viável, pelo menos por agora. Esta possibilidade, teve aliás o condão para Manuela Ferreira Leite de desviar a atenção de muitos do próximo congresso do PSD.
Com a promessa de apresentarem listas no próximo congresso, Pedro Passos Coelho e Pedro Santana Lopes, podem abalar a liderança da senhora de ferro. É, no meu entender, o primeiro grande teste à sua liderança, e vamos ver como reagem os seus 37 por cento, contra os outros dois terços do partido. Veremos mesmo como irão reagir as pessoas que votaram na senhora com esta possibilidade de um acordo com o PS, como que deitando desde já a toalha ao chão, e que dá a prever uma postura calma até as eleições, sem grandes ondas contra a governação do PS. Se nem detiver uma governação forte dentro do seu partido, muito dificilmente terá uma posição forte num possível acordo para a próxima governação.
Na minha opinião, este acordo neste momento iria sempre ser um tiro no pé do PS. Aliás, convém muito pouco falar nele, e passar esta ideia para os portugueses. Quem parece ganhar com todo este bloco central, seria o BE com o voto de protesto do eleitorado português, não por ser uma verdadeira alternativa, não por ter melhores ideias ou por ter um projecto mais credível e que defenda melhor os interesses dos portugueses, mas por ser mesmo um voto de protesto...
O que interessa agora é que o Euro acabou. Já não há nada para os portugueses se distraírem, voltamos à vida normal.