Todos os meses será nesta rúbrica revelada uma pequena biografia politica de grandes figuras da esquerda. Uma pequena homenagem a grandes homens e mulheres.
Mês de Outubro: Fernando Rosas.
Fernando Rosas nasceu em 1946, em Lisboa. Em 1961, aos 15 anos, adere à organização calndestina do PCP. Quatro anos mais tarde, enquanto frequentava a Faculdade de Direito é preso pela PIDE devido ao exercício activo do seu mandato na Direcção da AAFDL, sendo condenado a 1 ano e três meses de prisão correccional.
Em 1968 afasta-se do PCP e participa na fundação da EDE (Esquerda Democrática Estudantil), que visa descolar-se do movimento organizado estudantil do PCP (a UEC), e que mais tarde daria origem ao MRPP. Enquanto dirigente desta estrutura, distingue-se na grande crise académica de 1968/69.
Em 1970 é um dos fundadores do MRPP e no ano seguinte é novamente preso e sujeito a várias torturas. Entra na clandestinidade em 1971 até ao 25 de Abril de 1974. Na década de 80 dedica-se ao jornalismo e à História, sua paixão de sempre. Colaborou no DN enquanto tal e ingressa como docente na FCSH da UNL a partir de 1986, depois de efectuar doutoramento.
Em 1996 integra a Comissão de Honra da candidatura presidencial de Jorge Sampaio, seu velho amigo. Três anos mais tarde participa na fundação do Bloco de Esquerda e dois anos mais tarde concorre às eleições presidenciais por este partido.
Hoje é deputado pelo BE e um dos maiores historiadores portugueses sobre o Estado Novo e História portuguesa contemporânea em geral. Com uma participação cívica, académica e politica notáveis na vida portuguesa, Fernando Rosas continua a ser um símbolo vivo da esquerda em Portugal.
Todos os meses será nesta rúbrica revelada uma pequena biografia politica de grandes figuras da esquerda. Uma pequena homenagem a grandes homens e mulheres.
Mês de Setembro: Carlos Brito.
Carlos Alfredo de Brito nasceu em Lourenço Marques, actual Maputo, capital de Moçambique no ano de 1933. Vindo para Portugal apenas aos dois anos, com familiares no campesinato algarvio e no operariado lisboeta, cedo se tornou contestatário do regime salazarista: em 1951 adere ao MUD-juvenil e em 1953 ao Partido Comunista Português.
Preso durante 7 anos no Aljube, Caxias e Peniche, onde foi duramente torturado e interrogado, sai em 1966 para se dedicar clandestinamente, enquanto funcionário do Partido, a acções de propaganda contra o regime. Um dos operacionais do PCP no ramo militar, teve um papel especial na mobilização do Partido para o 25 de Abril.
Depois do 25 de Abril foi eleito Deputado pelo PCP e líder parlamentar. EM 1980 candidata-se às eleições presidenciais mas acabaria por desistir a favor de Ramalho Eanes. Foi Director do Avante e colaborador do República.
Em meados da década de noventa insurge-se contra o rumo rigidamente marxista-leninista do PCP e é hoje a cara mais visível dos ditos "renovadores". Descontente com o rumo do Partido, Carlos Brito foi suspenso pelo C0mité Central em 2002 e "auto-suspendeu-se" em 2003.
Poeta e autor de alguns romances, foi distinguido pela Presidência da República com a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique pela sua actividade politica mas também pela sua coragem na eterna luta pela democracia.
Todos os meses será nesta rúbrica revelada uma pequena biografia politica de grandes figuras da esquerda. Uma pequena homenagem a grandes homens e mulheres.
Mês de Julho: Gustavo Soromenho.
Filho e neto de activistas republicanos, Gustavo Soromenho nasceu em Alfama, Lisboa, em 1907. Entra bastante novo na «Seara Nova» e aí conhece Jaime Cortesão, António Sérgio, Raul Proença, seus mestres e futuros companheiros de luta antifascista.
Enquanto frequentava o curso de Direito, Soromenho assistiu à instauração da ditadura e mais tarde entrou para a Maçonaria, em 1935, quando foi ilegalizada por Salazar. Fundador e impulsinonador do Movimento da Unidade Democrática (MUD), foi Presidente da sua Comissão Distrital de Lisboa.
Activista das campanhas presidenciais de Norton de Matos e de Humberto Delgado, é na campanha deste último que Gustavo Soromenho e Mário Soares (seu eterno companheiro) numa das muitas reuniões clandestinas cria a célebre frase "Obviamente demito-o" que Delgado usará mais tarde durante a campanha.
Preso duas vezes, Gustavo Soromenho é fundador do Acção Socialista e o militante nº 7 do Partido Socialista.
Após o 25 de Abril Gustavo Soromenho nunca aceitou nenhum dos inúmeros cargos que lhe foram propostos. Mário Soares haveria mesmo de dizer: "Ele poderia ser tudo o que quisesse, nunca quis.".
Morreu com 93 anos e continua hoje, como sempre, a ser uma referência da luta antifascista em Portugal e do desprendimento de qualquer apego ao poder.